XX O Julgamento



O Lobo salta num raio de Sol.
E molha − com visgo amarelo
A superfície da rã.

Escamas de Ouroboros se desprendem.
O musgo cobre a pedra.

O orvalho molha mil folhas
E há galhos quebrados.

Esvaem no ar
Olores de estrelas em queda.

Enrolam-se em nuvens negras
& sujam o espaço.

Os abutres se amontoam
Em dúzias de árvores.

E no ventre do vento
Destila-se o veneno dos Contrários.

A degradação (compacta)
Espalha-se em doze quadros.

Os discípulos perdem a montanha
Os astros desviaram-se.

O petróleo − de enxofre e mercúrio
Agora − torna-se claro.

Num vislumbre que logo fenece.
Exatamente como rastros.

O Mundo. O Destino. O Tempo
Afogam-se num cálice.

As formas mais fixas
Tornam-se, então, voláteis.

No caldo negro (Noite Líquida):
O que mergulha − num salto.

A Lava (Língua Ígnea)
Bebe a História − traço a traço.

E a centelha estoura no ar
& estimula o vôo do Pássaro.

Num rasgo. Águia Azul.
O lampejo assusta o Retrátil.

A manhã então apodrece
Num eclipse extraordinário.

Então − do ventre do vento
Escapam mulheres & almas.

Cintila a água limpa
no Céu & no fundo do cálice.

Acende-se o Arco-Íris
ancorado em ambigüidades.

Ouroboros inspira a Mancha
& expira um Dia Claro.
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