O Lobo salta num raio de Sol.
E molha − com visgo amarelo
A superfície da rã.
Escamas de Ouroboros se desprendem.
O musgo cobre a pedra.
O orvalho molha mil folhas
E há galhos quebrados.
Esvaem no ar
Olores de estrelas em queda.
Enrolam-se em nuvens negras
& sujam o espaço.
Os abutres se amontoam
Em dúzias de árvores.
E no ventre do vento
Destila-se o veneno dos Contrários.
A degradação (compacta)
Espalha-se em doze quadros.
Os discípulos perdem a montanha
Os astros desviaram-se.
O petróleo − de enxofre e mercúrio
Agora − torna-se claro.
Num vislumbre que logo fenece.
Exatamente como rastros.
O Mundo. O Destino. O Tempo
Afogam-se num cálice.
As formas mais fixas
Tornam-se, então, voláteis.
No caldo negro (Noite Líquida):
O que mergulha − num salto.
A Lava (Língua Ígnea)
Bebe a História − traço a traço.
E a centelha estoura no ar
& estimula o vôo do Pássaro.
Num rasgo. Águia Azul.
O lampejo assusta o Retrátil.
A manhã então apodrece
Num eclipse extraordinário.
Então − do ventre do vento
Escapam mulheres & almas.
Cintila a água limpa
no Céu & no fundo do cálice.
Acende-se o Arco-Íris
ancorado em ambigüidades.
Ouroboros inspira a Mancha
& expira um Dia Claro.